IA e Capacitação: Como Gerar Impacto Real nas Organizações
- Marcela Azevedo
- 3 de abr.
- 4 min de leitura
A adoção da IA vai muito além da implementação de novas ferramentas ou produtos.

Desde 2023, tenho liderado projetos de transformação digital, começando pela automação de processos e, mais recentemente, ampliando o escopo para a adoção estratégica da Inteligência Artificial. Minha missão é clara: não se trata apenas de implementar IA, mas de garantir que ela se torne um diferencial competitivo real, impulsionando a maturidade organizacional com as equipes de tecnologia.
A adoção da IA vai muito além da implementação de novas ferramentas ou produtos. Seu verdadeiro impacto depende de um fator frequentemente subestimado: a capacitação das pessoas para explorar todo o potencial da tecnologia. Mas capacitar não é somente treinar – é conectar indivíduos a uma visão estratégica, alinhada à liderança, à cultura organizacional e a um modelo de adaptação contínua.
Quando estruturada inteligentemente, essa preparação não só desenvolve habilidades técnicas, mas cria um ambiente onde a IA é utilizada de maneira sustentável e orientada ao crescimento da empresa. O desafio não está na tecnologia em si, mas na capacidade de integrá-la ao DNA da organização, transformando-a em aliada para decisões mais ágeis e competitivas.
Nos projetos que conduzo, sempre trago tranquilidade aos clientes ao trabalharmos três estados essenciais: "Panorama atual", "Futuro ideal" e "Marco realista". Esse processo equilibra ambição e pragmatismo, garantindo que a adoção da IA avance de forma estruturada e gere impacto real no tempo que temos para fazer acontecer. Nos próximos tópicos, explorarei cada um desses aspectos e como eles moldam o futuro das empresas na era da Inteligência Artificial.
1. Panorama atual da maturidade da IA
O primeiro passo para qualquer transformação organizacional é compreender a realidade atual. No contexto de IA, isso significa avaliar:
Nível atual de maturidade em IA: Qual o nível de adoção e integração da IA nos processos e estratégias do negócio?
Habilidades e lacunas: Quais competências estão presentes na força de trabalho e quais estão ausentes?
Engajamento dos colaboradores: Qual o grau de resistência ou aceitação da IA nas equipes? Quais são os medos, esperanças e percepções predominantes?
Infraestrutura e ferramentas disponíveis: A organização tem acesso a plataformas e tecnologias necessárias para a implementação de IA?
Clima organizacional para mudança: Qual a disposição geral da organização para abraçar novas tecnologias e métodos de trabalho?
Uma análise detalhada pode ser conduzida utilizando ferramentas de avaliação de maturidade, entrevistas com stakeholders e benchmarking com empresas do setor.
Caso prático: O Banco Itaú realizou em 2023 um mapeamento completo de competências em IA, descobrindo que 78% dos colaboradores possuíam conhecimento básico sobre o tema, mas apenas 12% conseguiam aplicar conceitos avançados em suas rotinas diárias. Este diagnóstico fundamentou seu programa de capacitação segmentado.
2. Futuro ideal
Este é o ponto no qual a organização deseja estar ao final do processo de capacitação, em dezembro de 2025. Para definir esse estado, é essencial responder às seguintes questões:
Quais são os objetivos estratégicos da empresa em relação à IA?
Quais funções e áreas serão impactadas pela adoção da IA?
Qual o nível de fluência em IA esperado dos colaboradores?
Como a cultura organizacional precisará evoluir para suportar a integração da IA?
Que indicadores de sucesso demonstrarão que a capacitação foi efetiva?
A definição desse estado deve estar alinhada com tendências de mercado e boas práticas em gestão de mudanças organizacionais, como o modelo ADKAR, que fornece um framework para guiar as pessoas através do processo de mudança e inúmeras outras ferramentas de mudança comportamental.
3. Marco realista
Nem sempre o futuro ideal pode ser alcançado integralmente devido a limitações de tempo, orçamento e resistência organizacional. Portanto, o marco realista corresponde ao ponto realista que a empresa pode atingir até dezembro de 2025.
Para estabelecer esse marco, é necessário considerar:
Recursos financeiros disponíveis para investimento em capacitação.
Capacidade de absorção da mudança pelos colaboradores.
Infraestrutura e tecnologia de suporte para a implementação de IA.
Tempo necessário para treinamentos e adaptações nos processos internos.
Contexto setorial e regulatório específico da organização.
A aplicação de uma abordagem ágil e iterativa pode ajudar a empresa a atingir um nível viável de maturidade antes de buscar níveis mais avançados. Estabelecer marcos intermediários de sucesso a cada trimestre permite ajustes de rota e demonstra valor de forma contínua.
Enquanto a equipe de tecnologia trabalha na criação e implementação das soluções de IA, o time de People já pode atuar no aprimoramento das competências da força de trabalho. Isso significa maximizar o uso dos recursos disponíveis e garantir que as pessoas estejam preparadas para explorar as potencialidades da IA desde o início. A transição para um ambiente impulsionado por IA não deve ser apenas uma questão tecnológica, mas sim uma evolução equilibrada entre inovação e capacitação humana.
Gestão da Mudança:
Para que a adoção da IA seja bem-sucedida, não basta apenas capacitar as pessoas; é essencial entender a capacidade organizacional de absorver e sustentar essa mudança.
Cada empresa possui sua própria trajetória, desafios e maturidade. O sucesso na adoção da Inteligência Artificial não está apenas na tecnologia implementada, mas na forma como as pessoas e os processos se ajustam para extrair seu real valor. A gestão da mudança desempenha um papel central nesse cenário, garantindo que a capacitação não seja um esforço pontual, mas sim uma transformação sustentável e integrada à cultura organizacional.
Ao longo deste artigo, discutimos a importância de mapear o estado atual, estabelecer objetivos realistas e avançar de forma estruturada. A maturidade em IA não é um destino fixo, mas uma evolução contínua, e o diferencial das empresas bem-sucedidas será a capacidade de equilibrar inovação e desenvolvimento humano.
A pergunta-chave é: onde queremos estar em dezembro de 2025 e qual o próximo passo para chegar lá?
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