Desenvolver estratégias de aprendizagem para adultos, especialmente aqueles que fazem a mesma coisa há 20 ou 30 anos, é um dos desafios mais complexos que enfrento em transformações organizacionais. Não é apenas ensinar novas ferramentas ou processos — é reprogramar padrões enraizados na mente, demandando um profundo entendimento de como o cérebro humano opera. A resistência à mudança não é apenas uma questão de atitude, é também neurológica. E, com isso, a ciência comportamental se torna essencial para criar soluções eficazes.
O cérebro humano, ao longo dos anos, cria redes neurais extremamente eficientes para executar tarefas que se tornam automáticas. Essa é a função do glutamato, que consolida essas redes e facilita a repetição de comportamentos. Mudar esse cenário requer estratégias que ativem novas conexões neurais. Um treinamento tradicional pode ser insuficiente para alcançar essa mudança. É necessário engajar esses profissionais em atividades desafiadoras, que os tirem da zona de conforto e os obriguem a refletir e se adaptar. Não estamos apenas falando de ensinar algo novo, mas de desmantelar hábitos que podem estar presentes há décadas.
Além disso, o papel da noradrenalina no processo de transformação é crítico. Esse neurotransmissor, que regula a atenção e a resposta ao estresse, é um dos principais elementos para fazer com que o aprendizado realmente aconteça. Profissionais com muita experiência podem ver a mudança como uma ameaça, gerando uma resistência natural. Aqui, o desafio é usar o estresse a favor, criando um ambiente onde ele seja moderado, mas presente — o suficiente para gerar foco e urgência, sem causar paralisia. Isso é o que eu costumo chamar de "bom estresse", e ele pode ser ativado por meio de colaboração, troca de ideias e envolvimento ativo nas decisões de mudança.
Por fim, a acetilcolina entra em cena para garantir que o aprendizado seja retido e aplicável. Adultos precisam de práticas repetitivas, que se conectem a seus conhecimentos prévios, mas que também abram espaço para novas informações. Exercícios que ativam a memória, simulações e a aplicação prática do conteúdo são essenciais para que as novas ideias não sejam apenas momentâneas, mas se tornem parte do repertório profissional. Não é só sobre aprender algo novo, mas sobre garantir que essa nova habilidade seja de fato absorvida e aplicada.
E é aqui que muitas empresas falham: contratam treinamentos sem entender como, de fato, funciona a mente humana, e como aquele treinamento vai realmente mudar um comportamento. Transformações organizacionais são caras, tanto em termos financeiros quanto de energia investida. Sem uma abordagem que considere os mecanismos cerebrais que governam o aprendizado e a mudança, os resultados tendem a ser superficiais e de curta duração. Não basta entregar conteúdo, é preciso explicar como trabalhar a mente humana para a transformação ser profunda e sustentável.
Se você está passando por uma transformação e precisa de mentoria sobre transformações organizacionais e ciência comportamental, entre em contato comigo.
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