Nas empresas com as quais trabalhamos na consultoria, vimos que muitas vezes a função de RH pode ser marginalizada, tornando-se um espectador administrativo de grandes mudanças. Mesmo assim, parece óbvio que o RH deve estar no centro das demandas operacionais e culturais de agilidade corporativa.
Afinal, o RH promove os valores, a mentalidade e os comportamentos da empresa. Isso garante que as pessoas tenham as habilidades certas para diferentes momentos da empresa. Além de fornecer toda a infraestrutura motivacional e de desenvolvimento das pessoas na empresa.
Como o RH pode ser um agente confiável de mudança se continua a operar da maneira tradicional, com uma mentalidade funcional típica e uma organização isolada? Somente dominando suas próprias formas ágeis de trabalhar, os gestores de RH podem ser vistos como modelos na liderança da transformação ágil de uma empresa.
Transformando-se em RH Ágil
Os pioneiros da transformação ágil aprenderam essa lição muito rapidamente. Por exemplo, o BBVA, um banco multinacional com 130.000 funcionários, percebeu após vários programas-piloto que, para escalar com sucesso o agile para toda a empresa, precisava de uma função de RH ágil. E assim, o BBVA mudou seu modelo de RH - que era estruturado em torno das três pilares tradicionais de HRBPs, centros de excelência e serviços compartilhados - para uma estrutura semelhante a um squad multidisciplinar, trabalhando de ponta a ponta.
A função de RH reconstituída no BBVA agora usa técnicas ágeis seguindo um processo iterativo e aprendendo com os feedback interno do cliente. As pessoas nas equipes de RH são designadas trimestralmente para se adaptarem às prioridades estratégicas em evolução. No BBVA a transformação começou de cima. A equipe de liderança de RH agora trabalha com Kanban e ferramentas de gerenciamento visual, além de se reunirem em uma “sala ágil” designada para revisar os progressos das iniciativas priorizadas.
Uma mudança visível na forma de trabalhar, nas práticas e nas rotinas da liderança de RH. Isso foi extremamente importante para obter a adesão do restante da organização de RH. Hoje, o BBVA tem mais de 2.000 funcionários de RH em 10 países, trabalhando em uma organização e modelo de governança totalmente ágil.
O começo da transformação no RH
Ao se tornarem ágeis, as equipes de RH desenvolvem um conjunto de recursos e habilidades que posteriormente desempenham um papel fundamental na viabilização da mudança no restante da empresa. No exemplo citado, e em outras práticas recomendadas, temos lições importantes para o RH levar em consideração ao iniciar uma jornada de transformação ágil em toda a empresa:
- Comece a jornada ágil no RH ou, pelo menos, tenha o RH como uma das áreas-piloto iniciais. Desta forma, o RH terá total conhecimento e credibilidade para ajudar e liderar a mudança na transformação organizacional;
- Certifique-se de que a equipe de RH trabalhe de forma verdadeiramente ágil e se torne um modelo, incluindo a liderança de RH;
- Estabeleça uma Comunidade de Prática Ágil na empresa que seja integrada por membros de diferentes funções e áreas de negócios, para que todos possam trocar conhecimentos e dividir suas dores e aprendizados, além de se apoiarem nesta transformação.
Mais e mais empresas estão se transformando em organizações totalmente ágeis e colhendo os benefícios de maior adaptação e capacidade de resposta. Mas a jornada para tornar uma empresa totalmente ágil não é rápida e requer não apenas um conjunto de novos métodos, mas, acima de tudo, uma nova mentalidade, comportamentos e capacidades.
Os departamentos de RH precisam estar prontos para lidar com as questões urgentes que inevitavelmente surgirão em toda a organização. Somente adotando princípios e práticas ágeis com paixão e experimentando os desafios e aprendendo, as equipes de RH podem conquistar seu lugar como protagonistas desta transformação nas mentes dos funcionários e ser o verdadeiro catalisador de mudanças em sua organização.
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